domingo, 12 de agosto de 2007

Educação Maluquinha


“Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou um castigo”
J. Petit Senn

Com um traço rápido e objetivo, as histórias em quadrinhos do Menino Maluquinho e sua turma, apresentam os melhores momentos da vida de uma criança.

Após uma palestra sobre como criar filhos, o cartunista e escritor, Ziraldo Alves Pinto, foi procurado por uma mãe que lhe indagou sobre a possível produção de um livro. Relutante, pois não era especialista em educação infantil, no entanto tinha suas convicções absolutamente empíricas, Ziraldo começou a pensar no assunto.

Em uma manhã enquanto fazia a barba, o escritor teve um insight. “Era uma vez um menino maluquinho...”, na época o cartunista, que produzia uma série de capas de caderno para a Editora Melhoramentos, propôs a idéia do livro para o editor. Este não teve dúvidas, porém queria o livro pronto para a Bienal daquele ano, estavam no mês de junho, e a bienal aconteceria em agosto. O escritor aceitou o desafio e em dois meses escreveu o livro que mudaria para sempre a sua vida.

Em agosto de 1980, na Bienal de São Paulo, mais um livro entrou para a história da literatura infantil brasileira, O Menino Maluquinho. Em apenas quatro dias foram vendidos cerca de 40 mil exemplares, e ao longo destes anos alcançou a casa dos 2 milhões de livros vendidos. Com uma estratégia de marketing e para maior aceitação do público infantil, o livro foi adaptado e virou ópera, teatro, filme, seriado e história em quadrinhos, conquistando ainda mais sua popularidade e aumentando a vendagem.

A inteligência dos personagens da trama não permite que sejam tratados de forma desrespeitosa e infantilizados. No entanto, brincar na rua, jogar bola, colecionar figurinhas entre outras brincadeiras, pouco utilizadas nos dias de hoje, representam o universo infantil de maneira gostosa e com sabor de quero mais.

De forma descompromissada e muito alegre, as histórias do Menino Maluquinho, dão um respaldo a vivência e experiência do mundo infantil. O menino que usa uma panela na cabeça tem apenas dez anos, é filho único de uma família de classe média, tem pais afetuosos e é considerado, por muitos, uma criança hiperativa e subversiva. Estudioso, o menino tem média dez em todas as matérias, porém, em comportamento sempre tira zero. Sem perguntar aos pais o que pode ou não fazer, o menino vive a vida do seu jeito.

Maluquinho demonstra uma liberdade incomum para crianças, em uma das histórias ele chega em sua casa, lançando a bolsa escolar e gritando, a seguir informa a família que explodiu uma bomba na escola, seus pais não tomam nenhuma providência.

A história desse garoto sempre foi analisada e criticada por muitos escritores e educadores, a maioria, descreve um menino que tem uma infância normal, sendo apenas uma criança feliz que sabe aproveitar a vida, e por isso é maluquinho. Porém, seu personagem nos faz pensar nesta liberdade de conduta, sem obrigações e deveres, a questão é: qual será a influência que este tipo de história causa nas crianças que as lêem? Até que ponto devem os pais permitir esta liberdade?Em uma entrevista concedida ao site da Vivo, Ziraldo, afirma que “o menino maluquinho é uma figura literária, e literatura é uma espécie de imitação da vida”. As atitudes do menino não são de uma criança disciplinada, pelo contrário, se todas as crianças seguissem o conceito de Ziraldo existiriam muitas crianças rebeldes e mal educadas. Nesta mesma entrevista, o autor também menciona que “uma criança feliz, tem tudo para ser um adulto feliz”. Certamente muitos concordam com esta afirmação, no entanto, tudo na vida tem um ponto de equilíbrio, e a educação faz parte da vida.

autor: Raquel Canedo da Silva
Estudante de Jornaslimo

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